O mesmo modo de agir. Este foi o ponto de partida de um intenso e rápido trabalho de inteligência policial feito pelo Setor de Homicídios e Proteção à Pessoa (SHPP) da Delegacia Seccional de Carapicuíba, que levou à prisão de A.S.G., de 26 anos, acusado de tentativa de estupro, estupro, asfixia, estrangulamento e homicídio. Em seis meses, o acusado atacou quatro mulheres em Itapecerica da Serra e em Taboão.
O corpo da comerciária A.A.N., de 20 anos, foi encontrado na altura do km 26,3 do Rodoanel – sentido Rodovia Raposo Tavares –, na tarde de 9 de março último. Amordaçada e com um saco plástico envolvendo a cabeça e amarrado no pescoço, a vítima estava praticamente despida e com hematomas.
A família procurava pela jovem, quando soube do encontro de seu corpo. A.A.N. deixou o trabalho em Pinheiros, na Capital, por volta da 22h10 de 7 de março, pegou um ônibus e seguia para Itapecerica da Serra, onde morava. No caminho ela ainda conversou, pelo celular, com um amigo. Esta era a principal pista, que deu início à investigação que culminou com o esclarecimento de outros três casos semelhantes, porém, sem mortes.
Ao rastrear o celular de A.A.N., os policiais chegaram até A.S.G., de 26 anos, mas ele alegava ter adquirido o aparelho em uma feira de objetos usados. “A investigação do caso foi transferida para o Setor de Homicídios em meados de agosto, mês em que conseguimos uma testemunha que, embora não tivesse presenciado o crime contra a comerciária, acabou fornecendo dados que nos levaram a investigar A.A.N., que havia se envolvido em delitos tipificados como Crime Contra os Costumes – Estupro e Atentado Violento ao Pudor”, conta um dos investigadores do SHPP. A testemunha era, simplesmente, uma das vítimas – uma adolescente de 14 anos que morava na mesma rua de A.S.G., e que havia sido vítima de tentativa de abuso sexual e homicídio, em fevereiro deste ano.
Ameaçada pelo agressor, a vítima ainda manteve o caso em sigilo por dois meses, mas acabou contando para seus familiares, em abril, quando o boletim de ocorrência foi registrado na Delegacia de Itapecerica da Serra. “Ele tentou estuprá-la e sufocá-la, mas não conseguiu”, conta o policial, que optou pelo anonimato. No início de abril, outra jovem, também vizinha de A.S.G., foi vítima de tentativa de estupro e homicídio.
“O agressor agiu da mesma forma e tentou estuprá-la e sufocá-la, mas, novamente, não conseguiu”, ratificou o investigador. A ocorrência também foi registrada na Delegacia de Itapecerica da Serra, em 6 de abril. Ao saber dos fatos envolvendo A.S.G., a mulher dele, conforme explicou o policial, acabou pedindo a separação, fato este que culminou com a mudança de endereço do acusado para Taboão da Serra. A.S.G. costumava andar de bicicleta pelas redondezas e sempre avistava uma mulher caminhando, pela manhã. Na noite de 19 de agosto, essa mesma mulher foi vítima de atentado violento ao pudor.
De acordo com a vítima, que caminhava ao lado do córrego Pirajussara, em Taboão da Serra, um homem saiu detrás de um Escort vermelho e a atacou, apertando seu pescoço. A vítima desmaiou e, ao acordar, uma hora depois, vestia somente uma blusa. A Polícia Militar foi avisada e deteve A.S.G. conduzindo um Escort vermelho. Ele foi levado à Delegacia de Taboão da Serra, mas, como a vítima havia desmaiado, não ouve o reconhecimento. A mulher foi encaminhada ao Hospital Pérola Byington, onde passou por exames que confirmaram o estupro. Porém, sem provas, A.S.G. passou a figurar como averiguado e foi liberado.
Da investigação à prisão preventiva
Ao analisar os três casos envolvendo A.S.G., o SHPP relacionou-os à morte da comerciária, principalmente pelo modo de agir do criminoso e pela proximidade do agressor com as vítimas. Além disso, havia o fato de o celular de A.A.N. ter sido rastreado e o encontro do aparelho estar relacionado a A.S.G. As investigações prosseguiram e os policiais descobriram que, embora não tivessem qualquer tipo de relacionamento, A.A.N. e A.S.G. moraram na mesma rua até 2006 – ano em que a vítima mudou de bairro, mas continuou morando em Itapecerica da Serra. Apesar da mudança, A.A.N. continuava visitando suas amigas e, sem que percebesse, era observada por A.S.G., que, na época, era casado.
“Diante do envolvimento de A.S.G. nesses fatos, bem como por ter atacado as vítimas de modo similar, em 21 de outubro pedimos a prisão temporária do acusado”, explica o investigador do SHPP. A.S.G. foi detido e confessou a autoria do homicídio da comerciária A.A.N., sendo, posteriormente, conduzido à Cadeia Pública de Carapicuíba.
A prisão preventiva do acusado foi determinada pela Justiça no último dia 21 de novembro, e a polícia acredita no envolvimento de A.S.G. em outros crimes. “Em seis meses ele foi autor de quatro crimes de natureza semelhante, um deles com a morte da vítima. Por essa razão acreditamos na existência de outras vítimas, que devem nos procurar”, complementa o investigador.(Valéria Nani)
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