O comando da greve dos policiais civis de São Paulo afirmou na tarde desta quarta-feira que agentes de 83 delegacias da cidade aderiram à greve iniciada na manhã de terça (16). O número corresponde a aproximadamente 90% dos DPs da capital. A SSP (Secretaria da Segurança Pública), porém, afirmou que não recebeu nenhuma queixa de pessoas que deixaram de ser atendidas em delegacias.
Segundo a Adpesp (Associação dos Delegados de Polícia do Estado), 90% dos DPs da cidade registraram nesta quarta, até o início da tarde, menos de quatro ocorrências. Para a associação, isso demonstra que os policiais estão seguindo a cartilha da greve. No primeiro dia de greve, centenas de pessoas que procuraram a polícia para registrar casos como de furto, roubo e perda de documentos foram orientadas a voltar para casa.
Nas cadeias públicas, principalmente do interior do Estado, advogados não puderam visitar os presos que também não foram levados a audiências no fórum. Só foram cumpridos mandados de soltura. Dos 93 distritos policiais da capital em 26, o atendimento estava restrito a casos de maior gravidade. Segundo o sindicato, desses 93, 62 apoiaram o movimento. No interior, diz a entidade, a adesão foi ainda maior: atingiu 49 das 52 delegacias seccionais.
A gestão José Serra (PSDB) não quis fazer um balanço da greve. Por meio de nota oficial, a Secretaria da Segurança Pública afirmou que a greve é "despropositada" e que os policiais optaram pelo "risco e pela intransigência". Os policiais estão em estado de greve desde o dia 13 de agosto, quando fizeram paralisação de apenas sete horas. Eles reivindicam aumento salarial de 15% neste ano e reajustes de 12% nos dois anos seguintes. A pauta de reivindicações inclui outros itens como a eleição direta para delegado-geral. Por sua vez, o governo ofereceu um investimento de R$ 500 milhões na folha de pagamento em 2009.
Cartilha
Para orientar como o agente deve se portar durante a paralisação, foi formulada uma cartilha com recomendações ao policial civil a respeito da greve. A primeira parte é composta de perguntas e respostas, tais como se o agente pode ou não ser punido durante o ato e se a chefia pode impedir a adesão dos subordinados. A segunda parte é composta por procedimentos que podem ou não ser realizados durante o ato. O que pode, por exemplo, é o registro de prisões em flagrante, capturas de procurados, homicídios e remoção de cadáveres em residências ou nas vias públicas. Trabalhos de investigação para elucidação dos crimes, por exemplo, deve ser suspenso.
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